Mar e céu.
O mar sempre suscitou um fascínio no ser humano. Há teorias que sugerem que essa ligação é ancestral, pois provavelmente a origem dos seres vivos aconteceu ali. Seria uma «memória» coletiva, um instinto que nos remete ao mar.
Porém, o mar é indissociável do céu. Tanto por refletir a sua cor, quando pela localização gémea. A beleza dessa junção é inegável e unânime. O conceito «infinito» provavelmente surgiu da sua contemplação. O céu também é considerado a morada dos deuses e provavelmente isto está relacionado com o fato de ser inalcansável, insondável e misterioso.
O que escrevi acima é o que me leva a admirar o céu e o mar. São justificativas quase racionais para esse desejo de nunca me afastar muito desse cenário. Atualmente vivo nas montanhas, portanto estou mais próximo do céu, mas de tempos em tempos preciso visitar o mar. Não entro nele, apenas permaneço presente na sua praia. Olho, ouço, sinto o cheiro e também vibra em mim essa saudade inexplicável. Esse respeito inato. Feita a reconexão, retorno para perto do céu.
Não importa o nome de onde estou, pois essas águas todas soam como se fossem um único mar. As fotografias acima foram feitas na Coruña, mas os nomes pertencem às terras. As águas são essa força imensa que domina o planeta. Nós somos apenas pequenos pontos escuros.
Como fotógrafo, adoro o azul-céu. Passo bastante tempo tentando afinar o azul das minhas fotografias. Considero duas cores essenciais para o caráter das minhas fotos: o azul e o vermelho. São as únicas cores que altero sempre. Há um azul que considero perfeito, assim como um vermelho ideal. Nem sempre condizem com a realidade da cena fotografada, mas na minha imaginação o meu azul e o meu vermelho são as cores primárias da minha infância e me transportam para as sensações daquela época. A fotografia acima tem esse azul perfeito. A foto abaixo contém pontos do vermelho ideal.